Muito se fala sobre o biocombustível, os transgênicos, a crise dos alimentos e os agrotóxicos, mas muitas vezes a relação entre todos estes elementos cai no esquecimento da grande mídia. O que ocorre é que tudo isto faz parte da cadeia do agronegócio que se mostra cada dia mais fortalecida no país, gracas à cumplicidade do governo e o descaso com as necessidades sociais, ambientais ou mesmo de saúde do país. Assim, há o crescimento das grandes monoculturas para exportação, acumulando riquezas nas mãos de uns poucos e destruindo o nosso meio ambiente, em detrimento da agricultura familiar.
Segundo o IBGE, em 1990 a área de feijão plantada era de 5,3 milhões de hectares e a de arroz era 4,15, já no ano passado a culturado feijão estava em 3,78 milhões de hectares plantados e a do arroz em 2,89 milhões. Enquanto isso, a soja quase dobrou, passando de 11,58 milhões de hectares em 1990, para 20,58 em 2007.
Colaborando com este quadro está a "solução" apresentada para a substituição do petróleo, o biodiesel. No lugar de haver um investimento maciço em transportes coletivos, foi lançada a campanha por esse meio alternativo de combustível que, na verdade, é uma falácia já no próprio nome. Afinal, ele não tem nada de "bio" visto que para produzir uma grande quantidade do mesmo será necessário utilizar mais petróleo na produção e no transporte, além da necessidade de serem implantados mais agrotóxicos e fertilizantes químicos nas plantações. Além disso, a produção de alimentos é preterida para dar lugar à soja e à cana, como pode ser percebido nos dados apresentados acima.
Falando em agrotóxicos, em abril a Anvisa, órgão de defesa da saúde pública do Ministério da Saúde, divulgou que tomates, alfaces e morangos estavam contaminados com índices acima dos permitidos em lei. Assim, o que se percebe é que para aumentar a produtividade as grandes controladoras do agronegócio usam venenos deliberadamente nas suas culturas, causando um dano direto à inúmeras pessoas, com o consumo dos alimentos que lhe causarão doenças, e indiretamente, com a destruição da terra e a contaminação da água. E as maiores vítimas são sempre os mais pobres do país, ocorrendo paralelamente a esta prática, o aumento do consumo de produtos orgânicos, junto com os seus preços, entre as classes abastadas do país.
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