sábado, 11 de dezembro de 2010

LONDRES CONTRA O CAPITALISMO

Estudantes do Reino Unido protestam contra reformas da educação.

Parece cada vez mais evidente que a democracia é definida menos pelo exercício do direito de voto do que pelo exercício de tomar as ruas e nos fazermos ouvir. Não só osrecentes casos da Grécia, Irlanda e Portugal, mas todas as "respostas" à "crise financeira", mostram até que ponto o processo político se tornou independente de qualquer senso de responsabilidade, ou de qualquer pretensão de representar as massas.Em vez disso, a influência que muitos grupos e interesses que causaram a crise têm sobre o Estado só parece crescer e se fortalecer. Frente ao instinto de autopreservação desses grupos, que é exibido para o resto de nós como uma sentença de morte, devemos reagir. Procurando adiar o acerto de contas que as diversas crises presentes exigem (finanças, meio ambiente, alimentos, energia), só fazemos prescrever mais do veneno que nos trouxe aonde estamos.

Agora, o Reino Unido está assistindo uma batalha contra esta sentença de morte: o mal-eleito governo, apesar da falta de um mandato claro para qualquer coisa, está tentando passar o que é uma enorme ameaça para a acessibilidade, diversidade e qualidade da educação no país como uma resposta válida para a crise que (eles gostariam que nós acreditássemos) levará a uma maior equidade no futuro. Mas, não é preciso uma pós-graduação para ver através da mentira.Depois de três décadas em que a renda e as oportunidades têm sido engolidas para o topo da pirâmide social como nunca desde a primeira metade do século XX, tudo o que essas "respostas" estão fazendo é enraizar ainda mais as desigualdades.

É importante observar essa ascensão do movimento estudantil na Europa, pois nos encoraja para os desafios que temos pela frente. Apoiamos plenamente todas as ações tomadas contra os cortes na educação, nos serviços públicos e nas artes, incluindo todas as ocupações de universidades acontecendo ao redor do Reino Unido e do mundo, e nos opomos a qualquer tentativa de criminalização destas reivindicações, bem como as estratégias desleais utilizadas pela polícia para assustar as pessoas nas ruas. O mesmo vale para os estudantes e não estudantes que protestam e ocupam na Itália, França, Irlanda, Grécia, EUA, e onde quer que o discurso "estamos todos juntos nisso" esteja sendo usado como cortina de fumaça para criar um fosso cada vez maior entre "nós" e "eles".

Não pensamos que o modelo atual de universidade deve ser preservado. Há muito a mudar, e se há algo que todo mundo concorda é que agora é um bom momento para fazê-lo. A diferença é, precisamente, que grande parte da "mudança" que os governos e o capital têm a oferecer é, na verdade, mais do mesmo.

Independentemente de quanto tempo é preciso para reverter a situação, isso tem que ser apenas o começo.

* Foto extraída do endereço eletrônicohttp://www.boston.com/bigpicture/2010/12/london_tuition_fee_protest.html

4 comentários:

Chico de Paula disse...

Olá!
Como faço pra falar com o responsável pelo blog?
Obrigado!

Juventude Rebelde disse...

Olá companheiros!

Parabéns pelo blog, estou anunciando-o no meu próprio: hhtp://juventuderebeldiaesperanca.blogspot.com

Até mais

Antonio Bastos disse...

Olá Chico, você pode falar com o Diogo (diogoflora@gmail.com) ou comigo (antonioabastos@hotmail.com) que estamos mais por dentro do blog. abraços.

Nathália. disse...

Ótimo texto!
Parabéns pela iniciativa da postagem!